domingo, 16 de março de 2014

É preciso deixar Helena

         A novela Em Família não me surpreendeu. Não engata na minha mente mais uma novela feita no Leblon _ não dá para desconsiderar  o período de Goiania, mas mesmo assim; onde é mostrada uma família aparentemente feliz que na verdade vive a ponto de desmoronar (então  na verdade ela nunca foi feliz mesmo).
       Confesso que de início não assisti: a falta de televisão paga, internet e computador (que não ligou até depois do carnaval) me forçaram. Queria dedicar o tempo em que assistiria novela para fazer outra coisa, já que vou começar a universidade e  precisarei de todo tempo possível para estudar. Mas o pouco tempo que vi. pude perceber várias coisas, entre elas o ótimo trato que ele dá a questão de fixação no passado, que persegue essa família e a maioria dos personagens. Dá pra perceber que uma coisa mal-resolvida pode te perseguir por muito tempo. No caso da novela você percebe que nada foi resolvido e não há um esforço para isso acontecer, como eu vi no capítulo de hoje (5/03). E portanto as personagens agem de maneiras arbitárias, como é o caso da Helena (Julia Hemertz), título do post. Não é dela que eu irei falar e sim dos personagens ao redor como o Laerte e do Virgílio, que a acusam de controladora, mimada e impulsiva.
         E estão certos, já que Manoel Carlos traça esta Helena para ser odiável e querida ao mesmo tempo, e assim dificilmente ela é questionada, ou parada mesmo. Porque, se alguém fica te enrolando, fazendo ciúme toda hora você  deveria matar seu melhor amigo dar um tempo com dela  e deixar claro que não está feliz.  E não ficar dando chiliquezinhos machistas como no caso do Laerte, que agiu da pior forma possível nessa situação. E abre parênteses agora: a forma como a Helena o tratou pode ter contribuído para o ciúme entre amigos, mas jamais justificaria todas a atitudes machistas e a tentativa de assassinato contra o Virgílio. Não, ela não tem culpa do Laerte ser um babaca mimado e insensível, além de seriamente alterado mentalmente, por mais que a mamãe dele ateste o contrário.
        Ponderando isso aí, é aí que eu quero chegar: o ciúmes, causador da tal tragédia na novela, poderia ter sido evitado? Aí que a história falha, pois poderia sim. E acaba caindo no lugar comum que infelizmente  aterroriza muitas mulheres no Brasil. Existe sim um jeito melhor de lidar com essa situação, com bom-senso e um pouco mais de consciência _algo raro nos dias de hoje, e que portanto não custaria nada se fosse mostrado numa novela como algo normal. Claro que o ciúme do Laerte é doentio, mas o outro lado da moeda, o Virgílio também sofre calado com as crises da esposa, com a falta de dialógo no relacionamento e muito mais. Talvez seja uma lógica muito simples e inocente, mas pergunto:  por que nenhum dos dois dá um fora nela?
       Gente, vamos ser honestos, pois se uma relação não te deixa confortável, mesmo após um bom tempo de insistência, é porque não vale a pena continuar. Eu queria ver o que aconteceria se algum dos dois rejeitasse a Helena _não de uma forma babaca, por favor. Simplesmente dissesse não, não aguento mais a forma como você age, temos que discutir nossa relação. Postei no twitter que "um fora dado na Helena e essa novela não teria mais assunto", mas isto não é verdade, ela não acabaria por causa disso. Pelo contrário, teríamos  uma abordagem diferente de um mesmo triângulo amoroso, um exemplo que talvez valesse mais a pena. E que uma coisa fique clara: "perder" nem sempre é ruim. O Vírgilo de agora que o diga, pois convive com uma mulher corroída pela culpa e insatisfação.
       Concluindo, infelizmente "Em Família" não mostra que mesmo no amor é preciso ter limites,  e isso não significa que esse amor não é incondicional, mas sim que o amor próprio, a saúde emocional devem vir em primeiro lugar, para evitar desastres que às vezes não podem ser reparados

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