segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Amor Á vida: a novela que vai contra o nome - Parte 1

 
Tirando ao música, a abertura foi a coisa mais foda da novela XD
 Bem, finalmente a "novela das nove" (é assim que ela é conhecida, então é assim que vou chamá-la) chegou ao fim após mais de 180 capítulos, eu acho, e digamos que dessa vez o final não foi tão escroto como  costuma ser nas novelas transmitidas pela Globo nos últimos ano. Foi uma novela que surpreendeu em diversos sentidos, bons e ruins _porque apesar do 1º beijo gay global, não podemos esquecer dos diversos problemas de lógica, continuidade e da história mesmo que aconteceram; vários sites apontaram isso ao longo da novela,e não deixaram de ter razão. Uma cena bonita e polêmica não apaga muitas cenas horrorosas de gordofobia e misognia, e personagens rasos, pelos quais francamente é dificil sentir alguma empatia ou compaixão, e dessa forma, entender suas atitudes. Pensando ao fundo, acho que faltou muito isso a trama: estabelecer uma relação com quem assiste. Muitas cenas, por mais dolorosas que sejam, tem um fundo de realidade, mas mesmo assim, não conseguimos nos identificar ali. Levei muito tempo para entender que o César (vivido bem demais pelo Antônio Fagundes) apesar de escroto, poderia sim existir na vida real. O fundo de surrealidade na história não permitia, e acho que isso pode ter atrapalhado muito na mensagem do autor na novela _se é que no final das contas ele tinha alguma para passar.
Amor à vida no final das contas se mostrou muito esquisita desde do ínicio, com personagens com atitudes muito contraditórias e inexplicavéis _como o Bruno não registrar a sua filha Paulinha, não seria dificil que ele conseguisse a adoção dela caso contasse a verdade; a atitude ignóbil da Paloma de não confrontar o namorado sobre a filha dele_ afinal, se ele tivesse realmente roubado a filha dela como ela "concluiu" ele NÃO se envolveria com a mãe dela certo? Isso são só dois exemplos do que aconteceu com muito personagens da novela, e esses dois eram o casal principal (pelo menos no ínicio).
Outra coisa que incomodou bastante foram as diversas cenas e personagens misóginas. A grande história em volta da piriguete  encheu, e olha que não foi por causa da Tatá Werneck, e sim da repetição do termo, mil vezes, por diversos personagens da trama. Ouvir todo dia, que ahh a PERIGUETONA, e  a periguete filha, não merecem ter ninguém, não ser mulher para casar, devem viver em condições horríveis porque não são moças de família, ahh você é um idiota por viver atrás dessa periguete realmente encheu. Principalmente por que vinha da família de um dos personagens principais da novela e poxa, ninguém contrariava o que era dito (será que realmente a "periguete" deveria ser julgada pela roupa que usava? E porque essa preocupação exagerada de ficar cuidando da vida dos outros?). Gosto do jeito exagerado do Fulvio Stefanini, mas o personagem dele _ vale lembrar que não é o primeiro desse tipo; era sim um machista misógno, não importa o quão engraçado ele soasse. Acho que ele podia ter sido melhor aproveitado, junto com muitos outros, como a Gigi, que praticamente entrou muda e saiu calada, e ao mesmo tempo tentando encontrar um marido que a sustentasse. Gente! Porque não mostrar essa mulher tentando contornar a súbita perda da riqueza ao invés de cair nesse esteriótipo?

Além disso, há o "famoso" Hospital San Magno, que se pareceu muito com uma adaptação da série Greys Anatomy, com a diferença de que nela há uma preocupação muito maior com os pacientes e com a medicina em si, além dos dramas amorosos e  existenciais da trama. A novela não chegou nem perto disso, e estereotipou da pior forma possível: comportamentos inadequados mostrados como normais, como um médico desmarcar todos os pacientes Todo dia, Toda hora, para ficar atrás sexo; comentários horríveis perto dos pacientes. Mostrar mulheres com câncer tentando recuperar a auto-estima não muda essa coisas lamentáveis que foram ao ar.
Sorry Caio Castro, mas sou mais Derek Sheperd
 Para complicar ainda mais, esse é o cenário da trama da Perséfone (Fabiana Karla), uma enfermeira que inicialmente não suportava a "terrível" ideia de não conseguir perder a virgindade e por isso se envolvia em todo tipo de situação ( que poderiam ser realmente perigosas se uma mulher resolvesse fazer isso). Além disso ela é gordinha, o que seria uma boa oportunidade para abordar a gordofobia, exceto se o texto não parecesse que acontecia numa sala de aula de quarta série, ao invés de num hospital. É verdade que preconceito não tem lugar e classe social, mas o comportamento dos companheiros e até "amigos" da Perséfone era deplorável. E a educação? E tipo, e o código de ética que deveria ser obrigatório no hospital? Quando ela se casa com o personagem do Rodrigo de Andrade, é aí que a coisa se torna mais rídicula. Comentários horrorosos até vai, mas "a você casou com uma gorda, gorda, gorda, gorda, nhenhenhe" é inexistente. Alguém avise para o Walcir Carrasco que os preconceitos são bem mais sutis do que ele pensa!
Mesmo assim, essa parte ainda salva um pouco, a partir do amadurecimento da personagem. A Perséfone vai se aceitar, e abandonar o marido que não consegue perceber seu preconceito interiozado, que vive falando para ela cuidar da saúde enquanto a empurra para dietas malucas. Acho isso importante, pois enfim o preconceito da quarta série parou e entrou em pauta a famosa gordofobia que persegue muita gente, transvestida no "melhor para saúde", "ah você não esforça, é preguiçosa".  Mostrou como é preciso muita coragem e autoconfiança para lidar com isso. apesar de não ter mostrado que isso não é tão fácil assim de conseguir

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