domingo, 2 de fevereiro de 2014

O rolezinho e as várias facetas atrás dele

.Já ouvi muita gente reclamando... Pessoalmente, eu não vi a confusão no dia e portanto eu não sei bem o que aconteceu. Uma reunião de jovens foi vetada de ir no shopping, por medo de sei lá,  lotação,  arrastão, funk alto? Eram mais de 600 pessoas, um número digamos, bem grande. O pessoal parece se encontrar no shopping e lá ficar, batendo papo, por exemplo. Convenhamos, não é algo muito diferente do que você e seus amigos fazem quando vão lá ( mas você nunca conseguiu juntar 100 pessoas concerteza). Mas esses jovens foram reprimidos pelo medo dos outros... por que? Eram jovems de classes mais baixas, o que estavam fazendo lá?  Aí você na tela do computador para e pensa: coisa boa não deve ser né? Lembra do arrastão, dos assaltos... só não se lembra que você também faz isso toda semana, ir dar um role no shopping.  Afinal de contas, era um rolezinho,  não é?
Eu sei que há os dois lados da situação,  que realmente houve roubos, e uma discriminação desses jovens por estarem lá apesar de não poder consumir. Eles "espantaram" a freguesia, mas ao mesmo tempo foram proibidos de ir e vir, num lugar considerado "público"(mas vale lembrar que é propridade privada). Eu queria expressar uns pontos que achei interessante  na discussão toda que surgiu.
Muitos falaram em um apartheid, mas isso é exagero.  Não dá para comparar as duas coisas, felizmente,  já que isso tornaria a situação pior. Isso não quer dizer que não houve discriminação racial e econômica,  e isso aconteceu sim. Gostei muito da comparação ao flash mob, que também é a reunião de um numeroso grupo de pessoas. Ele não seria barrado, talvez por ser considerado algo "de elite" ou "organizado". Então outros encontros não podem?
"Tem tudo é que apanhar e ir para cadeia mesmo". Ah, eu queria ver se fosse seu filho. Ah não esqueci, é aqueles muleques vagabundos_ que você não conhece e portanto nao sabe se é vagabundo ou não; que deviam estar na escola_ nas férias?  Tem cursos especias por aí.  Mas aliás,  nenhum curso é de graça.  Os acampamentos são bem carinhos. Só para você saber.
Isso agora sem contar os argumentos pseudointelectuais, de que esses meninos deveriam estar lendo, ouvindo música "boa". E eu posso rebater com argumentos econômicos de novo: livros e cd's no Brasil são caros e portanto pouco acessíveis as massas. Como você quer que todo mundo ouça pinlkfloyd se o CD custa quase 50, 00 reais? Sejamos coerentes, é complicado. Livros idem.  As bibliotecas tem que ser enormes, para comportar todo mundo.
Agora, uma coisa é certa: não há espaço para esses jovens. Não há um espaço para se ir onde não seja obrigatório consumir. Se é incomodo para quem não gosta de consumir, imagina para quem não pode? É hostil,  desafiador.  Os comerciantes ficam incomodados, afinal, essas pessoas não servem para eles _ a ideia é essa mesmo, a desumanização. Não fique horrorizado: você seria tratado do mesmo jeito numa loja destinada à uma classe muito superior a sua. Aí entrou a parte do capitalismo na história, que não adianta ignorar. Ele é excludente sim, e sempre alguém nao será bem vindo aos centros de consumo, pois afinal, lá lugar de comprar e  não de ficar dando rolezinho.
No final disso tudo, não é só pro pessoal do rolezinho que não há espaço. Não há lugares para se discutir, refletir,  tocar música e e divertir gratuitamente. É difícil recitar poemas, ler livros. Tudo hoje é complicado demais. Não há espaço para mais nada. E a repressão é sempre severa, e irracional. Dez mil de multa por ter entrado no shopping, por exemplo

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