sábado, 10 de janeiro de 2015

Tim Maia - o show que não acabou (e meu comentário sobre a Globo, que não pode faltar)

             
              Sempre me perguntei quando o Tim Maia morreu, porque eu não sabia a data, mas era um dos poucos cantores cujo o CD eu tinha em casa e eu tinha certeza que estava morto, porque eu me lembrava disso. Estranho, realmente lembro do meu pai triste por causa da morte do Tim Maia, que ele realmente era um bom cantor, que tinha um grande fã dentro da minha casa. Minha surpresa foi em 2015 eu descobrir que ele faleceu em 1998, ou seja, eu tinha três ou dois anos de idade.
              Tim Maia marcou muito pela emoção de suas músicas de sua interpretação, seu estilo soul único, e pelas polêmicas das quais ele participava. 12 anos após sua morte podemos ver finalmente o primeiro filme sobre sua vida, baseado numa das suas principais biografias: Vale Tudo - O som e a fúria de Tim Maia, escrita por Nelson Motta. O filme é marcante por ser uma das primeiras produções sobre o período dos anos 60, 70, 80 e 90 na música brasileira, uma época de intensa produção cultural e transformações na música brasileira e com poucas produções que a mostrem profundamente.
              Mais que isso, ele traz muito da cultura em transformação, da busca de fama, do dinheiro e do "viver" de música, do conflito bossa novaXjovem guarda, como lidar com a influência do cenário internacional. Os cenários remetem muito ao Rio, aos anos 70, 80, hippies, tropicália e muito mais. Nisso realmente ele dá um show. A história, no entanto, fica um pouco a desejar, por infelizmente cair naquela mesmice que todo filme de personalidade parece se entravar: o homem consome drogas, a vida dele começa a se estragar, e o filme de repente afunda nisso. Tenho a impressão que esse "mal" afeta principalmente a cinebiografia brasileira, que infelizmente não discute as causas, o início, a influência da fama repentina, e prefere mostrar didaticamente como a droga destrói, e perturba a pessoa. Bem, isso não influenciou quem usa a parar ou quem nunca usou a nunca usar né? O filme não deveria ter essa função, e sim mostrar o artista, suas atitudes e as consequências. Infelizmente, Tim Maia também cai nessa errata, e eu juro, que até o momento em que o personagem do Cauã Moura fala que as drogas começaram a fazer efeito, eu pensei que isso seria tratado de forma imparcial. As cenas do que veio depois quebraram essa expectativa, e deixaram de mostrar muitas das fases do cantor (e a música do Síndico?? =B), seus filhos, a relação com a música. Isso fez falta,e  deixou o final do filme abrupto como se de repente dez anos se passaram e ele puft! Morreu. Fora isso, o filme é impecável em mostrar o início da carreira de Tim Maia, sua vida nos EUA, a influência disso em sua música. Infelizmente, faltou bastante coisa, mas como diz o próprio diretor Mauro Lima, esse é apenas o primeiro filme sobre Tim Maia, e muitos podem vir por aí, trazendo suas própria abordagens e visões sobre o músico.
Tim Maia, 2014: 8,5/10


                    Mas aí vocês devem ter assustado: você viu na tv ou no cinema?

                    "Sabe, né na tv foi diferente... " Pois é. Na Globo, aparente o filme foi adaptado para uma série de dois capítulos, com depoimentos, cenas de arquivo... Só que não. Podemos dizer que o filme foi transformado em uma série, seu material bruto reeditado, novas cenas inseridas, novos sentidos, não os pretendidos pelo diretor, enxertados na história. Isto, meus amigos, é função do editor em uma história sendo demonstrada ao vivo (rs). Mas agora falando sério, ao fazer isso, a Globo entregou um produto de valor inferior ao filme para população, sem deixar claro que essa era a sua versão.  A versão em que por exemplo, Roberto Carlos é mostrado como um anjinho na série e como o um babaca que ele é (minha opinião calma gente) no filme, por exemplo, é alterar um trabalho finalizado e outra pessoa. A maioria das cenas iniciais foram retiradas, e colocadas no final sem motivo, mostrando um descuidado trabalho de edição (de um material que você não comandou). Enfim, o achei didático, mas mais didático seria a emissora fazer sua própria série-versão sobre os fatos, e mais didático foi o Por Toda Minha Vida Tim Maia, e muito mais respeitoso. Não que a série não tenha seu valor, mas entre ela e o filme, fico com o filme,pois ela ficou parecendo uma cópia  chinesa da produção original, com o único objetivo de comprar nossa audiência =/



Tim Maia- Vale o que vier: 7,5/10

Agora, me expliquem onde acharam esse rapaz com a mesma cara de pastel do Roberto Carlos? XD é muito hilário gente.



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